domingo, 16 de novembro de 2025
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O agente secreto é um filme sobre ditadura? Análise de Wagner Moura

Equipe de Redação
Equipe de Redação EM 15 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 23:12
O agente secreto é um filme sobre ditadura? Análise de Wagner Moura
O agente secreto é um filme sobre ditadura? Análise de Wagner Moura

Filme “O Agente Secreto” Levanta Debates sobre a Ditadura no Cinema Nacional

Comentários nas redes sociais sobre o filme “O Agente Secreto” costumam incluir críticas que o classificam como um “filme de ditadura”. Essa percepção sugere que o foco na narrativa, que vai de encontro à história da Ditadura Militar no Brasil, diminui a qualidade do trabalho de Kleber Mendonça Filho, que foi escolhido como representante do país para concorrer ao Oscar.

Contudo, é importante destacar que rotular os filmes brasileiros apenas pelos seus temas pode desvalorizar a diversidade do cinema nacional. O Brasil não é apenas representado por histórias de ditadura, favelas ou comédias. Se um filme clássico se aprofundar em tais temas, isso não retira sua qualidade, pelo contrário, pode ser um convite à reflexão.

Diferenças entre “O Agente Secreto” e “Ainda Estou Aqui”

A comparação entre “O Agente Secreto” e “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, é útil para entender a proposta de cada filme. “Ainda Estou Aqui” é um relato didático que explora, de forma direta, os crimes da ditadura através da perspectiva de uma família. Já “O Agente Secreto” se concentra na cultura e na memória, abordando o apagamento da história sem mencionar explicitamente a expressão “Ditadura Militar”.

Nesse filme, o protagonista Marcelo, interpretado por Wagner Moura, atravessa um ambiente opressivo, mesmo sem que os militares sejam mencionados. A opressão é percebida nas atitudes dos personagens que o cercam, revelando um pano de fundo de repressão sem usar uniformes de exército. Essa escolha narrativa é um ponto que reforça a discussão sobre o tema da ditadura, mesmo que indiretamente.

A Complexidade e a Relevância do Cinema Nacional

O desafio de entender por que muitos filmes brasileiros são rotulados de forma simplista está ligado ao apagamento histórico no país. Ao contrário de produções hollywoodianas que frequentemente retratam seus próprios conflitos, como a Segunda Guerra Mundial e os direitos civis, o cinema brasileiro muitas vezes acaba sendo visto por uma lente reduzida, como “filmes de ditadura”, “filmes de favela” ou “filmes de conteúdo negativo”.

Filmes como “Dunkirk”, “Oppenheimer” e “Jojo Rabbit” não recebem rótulos simplistas, enquanto produções brasileiras como “O Agente Secreto” enfrentam essa crítica. A história do Brasil nos anos de Ditadura é uma parte significativa do que moldou a sociedade contemporânea, e isso pode ser discutido em diversas narrativas, como visto em “Cidade de Deus”, que explora a formação das favelas nos anos 60.

Descrever “O Agente Secreto” apenas como um “filme de ditadura” empobrece a rica trama que Kleber Mendonça Filho apresenta. Ignorar a cultura nordestina e os personagens bem construídos é uma forma de preconceito que não se sustenta. O cinema nacional é repleto de diversidade, com produções que abrangem gêneros variados — incluindo thrillers políticos, distopias e dramas — refletindo a complexidade da sociedade brasileira.

Os filmes lançados este ano mostram a variedade do cinema nacional: de thrillers políticos como “O Agente Secreto” a dramas infantis e histórias baseadas em realidades sociais. Essa riqueza de gêneros é essencial para promover um entendimento mais amplo da cultura e história do país, desafiando a noção simplista que às vezes se tem do cinema brasileiro.

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