Série “Tremembé” Explora o Universos Paradoxal do Presídio dos Famosos
A recente série “Tremembé”, disponível no Prime Video, tem gerado discussões sobre a veracidade de sua narrativa. Ambientada no Complexo Penitenciário de Tremembé, conhecido popularmente como o “presídio dos famosos”, a produção mostra a vida e a convivência de criminosos notórios sob um olhar dramatizado.
Com uma estética de drama carcerário, a série oferece uma visão das complexas dinâmicas de poder dentro desse ambiente prisional. Porém, como toda adaptação inspirada em histórias reais, a trama sofreu alterações para se adequar ao formato audiovisual, o que levanta questões sobre até que ponto os eventos apresentados são fiéis aos fatos.
A Base Real de “Tremembé”
Baseada nos livros do jornalista Ulisses Campbell, a série utiliza como fontes “Suzane: Assassina e Manipuladora” e “Elize Matsunaga: A Mulher que Esquartejou o Marido”. As obras foram construídas a partir de pesquisas extensivas dentro e fora do presídio, incluindo entrevistas com detentos e funcionários e acesso a documentos oficiais. Campbell afirma que a grande maioria dos eventos retratados na série é verdadeira, inclusive os mais absurdos. O roteiro passou por uma revisão jurídica antes de ser aprovado pela produção, garantindo uma base sólida para os acontecimentos expostos.
Elementos Reais na Narrativa
Diversos eventos mostrados na série têm fundamento na realidade. A transferência de Suzane von Richthofen para o presídio ocorreu após uma rebelião que ameaçou sua segurança. A relação dela com Elize Matsunaga e Sandrão é um aspecto verdadeiro, assim como a famosa entrevista de Suzane com o apresentador Gugu Liberato. Além disso, outros detalhes, como seu trabalho na costura do presídio e sua conversão religiosa, também têm respaldo em relatos de Campbell.
Entre os detentos masculinos, situações representando figuras como Roger Abdelmassih e os irmãos Cravinhos são baseadas em fatos reais. Por exemplo, Abdelmassih é retratado em sua tentativa de manipular a Justiça, alegando problemas de saúde para conseguir uma transferência hospitalar, situação confirmada em documentos legais.
Adaptações e Liberdades Criativas
Apesar da sua base factual, “Tremembé” não é uma reprodução exata dos eventos. A diretora Vera Egito explicou que a série utiliza a ficção para organizar os fatos de forma dramática. Isso significa que a narrativa altera a ordem dos eventos, insere diálogos fictícios e, em alguns casos, muda o nome de personagens para evitar problemas legais.
Por exemplo, o relacionamento dos irmãos Cravinhos e suas parceiras foi dramatizado, e o triângulo amoroso entre Suzane, Sandrão e Elize foi condensado para permitir uma narrativa mais fluida.
Recriações de Crimes Notórios
As reconstituições dos assassinatos que marcaram o país, como o caso Richthofen e o homicídio de Marcos Matsunaga, são baseadas em depoimentos e documentos reais. A série busca equilibrar veracidade e impacto, apresentando essas passagens com uma combinação de fidelidade estética e dramática.
A produção mantém um tom que mistura elementos documentais à intensidade típica de uma série dramatizada, permitindo que o público entenda o contexto dos crimes sem trivializar o sofrimento dos envolvidos.
A Intersecção de Realidade e Ficção
A linha entre o real e o ficcional em “Tremembé” é intencionalmente tênue. A série usa fatos concretos e preenche as lacunas com ficção para conectar as diversas histórias. Essa abordagem destaca como o presídio pode ser visto como um microcosmo da sociedade, onde as relações humanas são marcadas por conflitos, poder e manipulação.
“Tremembé” não se limita a retratar a vida no cárcere, mas também reflete sobre a forma como a sociedade transforma criminosos em figuras públicas, transformando o espaço prisional em um palco de dramas reais.