A primeira parte da temporada final de “Stranger Things” chegou e as expectativas dos fãs eram altas. Desde o início, é visível que os criadores estão focados em contar uma história impactante, com um ritmo acelerado e uma atmosfera densa, já que este é o começo do fim da série.
A trama se aprofunda na atmosfera apocalíptica da cidade de Hawkins, que se transforma em um local devastado, sem espaço para segredos ou situações normais. A sensação de uma guerra prestes a acontecer contra Vecna e as ameaças do Mundo Invertido está em alta, deixando claro que o que está em jogo é muito sério.
Para quem deseja evitar spoilers importantes, é aconselhável ter cautela ao continuar a leitura, já que momentos chave da temporada são discutidos a seguir.
### Elenco e Desenvolvimento dos Personagens
Um dos pontos mais cativantes dessa primeira metade é o equilíbrio entre o avanço da trama e os desdobramentos emocionais dos personagens. Mesmo mais velhos, o grupo de amigos que acompanhamos desde 2016 ainda é o coração da série.
Onze segue com um papel crucial, mesmo que mais contido inicialmente. Ela não perde relevância e ainda tem momentos importantes na história. Mike reassume um papel de liderança, relembrando seu protagonismo das temporadas anteriores, enquanto Nancy ganha destaque com sua significativa evolução ao longo da série.
Steve continua a brilhar com seu carisma, especialmente ao lado de Robin, que é uma das personagens mais inteligentes e carismáticas. A dinâmica entre Steve, Nancy e Jonathan ainda existe, mas neste momento não é o foco principal, dada a situação caótica que enfrentam.
Hopper e Joyce, mesmo com menos destaque, continuam sendo figuras protetoras do grupo, enquanto Murray aparece ocasionalmente trazendo alívio cômico. Max, que sobreviveu à temporada anterior, volta de forma mais convincente, e a presença de Holly, a irmã mais nova de Mike e Nancy, promete trazer novas curiosidades sobre seu papel na história.
Lucas também amadureceu e lida com o impacto emocional de acompanhar Max em coma, tentando se equilibrar em meio ao caos. Dustin apresenta um lado mais intenso, lidando com o luto pela morte de Eddie, contrastando com sua usual personalidade vibrante.
Will Byers, que antes era a âncora da narrativa, agora assume um papel mais ativo nessa parte da temporada, buscando aceitação e descobrindo seus poderes. Sua interação com Robin traz diálogos sinceros, contribuindo para o avanço emocional de ambos. Já Erica continua sendo uma personagem marcante, sempre entregando as melhores falas, desde sua introdução na terceira temporada.
Há também a introdução de Derek, um personagem novo que se destacou positivamente na trama. Por outro lado, a reintrodução de Kali em um dos episódios pode gerar divisões entre os fãs, mas sua presença tem potencial para conectar algumas pontas soltas. Entretanto, a subtrama envolvendo o exército e a Dra. Kay não chegou a impactar a história principal e parece repetitiva.
### Preparação para o Conclusão
Do ponto de vista técnico, a direção se destaca pela segurança e por planos bem construídos, e os efeitos visuais têm qualidade superior, contribuindo para algumas das sequências mais impactantes da série. Uma melancolia sutil permeia esses quatro primeiros episódios, sinalizando que estamos perto do final.
O roteiro também faz um bom trabalho ao evitar subtramas desnecessárias. Ao contrário da quarta temporada, que enfrentou problemas com muitos núcleos desconexos, a quinta parte é direta e adequada, preparando o terreno para a batalha final e reacendendo a força do grupo, que sempre foi a alma da série. Embora algumas narrativas funcionem melhor que outras, não há elementos fracos, apenas uma certa desigualdade.
A construção desse desfecho está sendo feita com muito cuidado, respeitando o universo que se tornou um dos fenômenos da cultura pop contemporânea. Agora, os fãs aguardam ansiosos pelos episódios finais, que serão lançados nos dias 25 e 31 de dezembro. Se a qualidade se mantiver, a série pode encerrar sua trajetória de maneira épica.
